Sobre não pertencer

O fator desanimador de quando se toma a decisão de mudar de cidade e de vida, é que você não pertence mais a nenhum grupo: nem da cidade que morava, nem da cidade onde está agora. Os amigos de lá te enxergam como alguém que agora só dará notícias algumas vezes no ano e apareça outras poucas vezes, pois você não faz mais parte do grupo. Já na nova city é ainda mais complicado, ou não conhece ninguém ainda, ou os antigos amigos estão envolvidos em suas rotinas e te enxergam ainda como visitante.
Foi assim quando fiz a minha grande mudança. Lá em Portugal eu via as pessoas saindo para trabalhar, cuidando de suas vidas, e eu ficando. Mesmo que algumas vezes eu batia perna o dia todo em busca de emprego, demorei a conhecer as pessoas, fazer parte das conversas e dos encontros. Em Vitória foi a mesma coisa. Tentava me encaixar e nada. Só depois que comecei a trabalhar e ter uma rotina é que a coisa ficou um pouco melhor, afinal em terras capixabas amizade não se faz nem nascendo por lá. Em Macaé muito pior, porque lá eu só conhecia mesmo a família de amigos que me recebeu, apesar de ter percebido que não precisaria de muitos meses para me integrar aos grupos, pena que fui embora logo, rs.
Aqui em Conquista eu tenho amigos de infância e só. Só que foi uma infância curta (1 ano) e por isso só me restaram meia dúzia de amigos, dos quais ainda tenho contato com quase todos e são eles que estão salvando meus dias, quando sobra tempo em suas rotinas. Fora isso fica a sensação de não pertencer a grupo nenhum e de que coisas estão acontecendo a sua volta e você parado.
Não estou reclamando, todas foram minhas escolhas. Só estou refletindo e compartilhando sobre como me sinto em relação a pausa causada pela decisão de começar tudo outra vez!
Porém, porém, porém! Não estou desanimada, sei que tempo e paciência me manterão de pé! Firme para saber reconhecer e aproveitar as oportunidades! Que venha a rotina, os amigos e até a falta de tempo!