segunda-feira, 27 de abril de 2009

Hoje fico com o texto que recebi faz uns 5 anos, mas que sempre é bom relembrar.

Quase - Por Luís Fernando Veríssimo

Ainda pior que a convicção do não, é a incerteza do
talvez, é a desilusão de um quase!
É o quase que me incomoda, que me entristece, que me mata
trazendo tudo que poderia ter sido e não foi.
Quem quase ganhou ainda joga, quem quase passou ainda
estuda, quem quase amou não amou.
Basta pensar nas oportunidades que escaparam pelos dedos,
nas chances que se perdem por medo, nas idéias que nunca
sairão do papel por essa maldita mania de viver no
outono.
Pergunto-me, às vezes, o que nos leva a escolher uma vida
morna.
A resposta eu sei de cor, está estampada na distância e
na frieza dos sorrisos, na frouxidão dos abraços, na
indiferença dos "bom dia", quase que sussurrados.
Sobra covardia e falta coragem até para ser feliz.
A paixão queima, o amor enlouquece, o desejo trai.
Talvez esses fossem bons motivo para decidir entre a
alegria e a dor.
Mas não são.
Se a virtude estivesse mesmo no meio-termo, o mar não
teria ondas, os dias seriam nublados e o arco-íris em
tons de cinza.
O nada não ilumina, não inspira, não aflige nem acalma,
apenas amplia o vazio que cada um traz dentro de si.
Preferir a derrota prévia à dúvida da vitória é
desperdiçar a oportunidade de merecer.
Para os erros há perdão, para os fracassos, chance, para
os amores impossíveis, tempo.
De nada adianta cercar um coração vazio ou economizar
alma.
Um romance cujo fim é instantâneo ou indolor não é
romance.
Não deixe que a saudade sufoque, que a rotina acomode,
que o medo impeça de tentar.
Desconfie do destino e acredite em você.
Gaste mais horas realizando que sonhando...
Fazendo que planejando...
Vivendo que esperando...
Porque, embora quem quase morre esteja vivo, quem quase
vive já morreu.



Nenhum comentário:

 
Web Analytics